quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Post nº 130: Aborto de fetos anencéfalos

Já há um tempo, anda rolando, no Supremo Tribunal Federal (STF), uma discussão "polêmica": deve-se ou não haver a legalização do aborto em caso de gestações de fetos anencéfalos?
A anencefalia é uma malformação congênita em que o bebê nasce com ausência total ou parcial do cérebro e do crânio. Contudo, o tronco encefálico e o diencéfalo podem estar presentes em proporções variáveis. Em média, um bebê anencéfalo vive três semanas; apesar de existirem as pouquíssimas exceções à regra.
Durante as audiências realizadas pelo STF, foram ouvidos religiosos, médicos, ONGs, espíritas... bem, representantes da sociedade! Obviamente, cada um expondo seus pontos de vista.
Os que são a favor expõem que interromper a gravidez não é um caso de negação ao direito à vida, pois não há expectativa favorável de vida a partir do parto. Mesmo que o bebê consiga sobreviver uma curta duração após o parto, é com vida vegetativa. Outro ponto é que esse tipo de gestação pode colocar em risco a saúde e a vida das mães que estão gerando um feto com a anomalia.
Os que são contra defendem a humanidade do feto, ou seja, que é um ser humano, ainda que com má-formação. Há os que alopram agurmentando que retirá-lo do útero antes do momento do parto seria "um retorno da sociedade à barbárie".
Além disso, usam como símbolo antiaborto, a menina anencéfala Marcela de Jesus Galante, que nasceu em 20 de novembro de 2006, e desafiando a medicina, sobreviveu 1 ano e 8 meses. Ela resistiu graças às funções básicas mantidas pelo tronco encefálico, a única estrutura do sistema nervoso de que dispunha. O tronco encefálico, composto de fibras nervosas, garante os batimentos cardíacos, a respiração e alguns movimentos de sucção.
No entanto, sem o cérebro, não era capaz de sentir o toque das mãos de sua mãe, de ouvir um único som, de cheirar e saborear qualquer alimento e nem de sentir dor física ou emocional.
Já a MINHA opinião sempre foi a favor do aborto, independente do motivo; e sempre levei numa boa as idéias contrárias. Aborto é um tema polêmico e nisso não se discute. Mas, sinceramente, não estou aceitando muito bem todo esse bafafá em torno dessa proposta. Na minha cabeça, a questão é bem simples: com a legalização NÃO SERÁ OBRIGADO a mulher interromper a gestação se ela descobrir que o feto é anencéfalo. Apenas haverá o espaço para que A MÃE DECIDA sobre o aborto ou não quando o bebê apresentar anencefalia. Como foi o caso da Catilda, mãe de Marcela (da foto acima), que mesmo já sabendo, no 4º mês de gestação, que sua filha nasceria sem cérebro, preferiu levar adiante a gestação.
Para mim, toda essa discussão gira em torna da questão "Deve-se ou não dar LIBERDADE DE ESCOLHA para as gestantes de fetos anencéfalos?"
Resposta mental imediata: SIM, DEVE-SE!

7 comentários:

Lucas disse...

Sou contra o aborto, mas, em casos como esse acho que deve haver uma exceção e a mulher ter a opção de optar pelo aborto, mas com um prazo para que o faça. Admiro as que vão até o final e assumem as consequências.

Lucas disse...

Já tinha esquecido... PRIMEIRO!!

\o/

Filipe Veras disse...

1° A menina citada não tinha só o tronco cerebral. Ela tambem dispunha de uma grande parte do diencéfalo.

2° Sou a favor do aborto livre. Sempre que a mãe quiser o aborto e o pai não se opor. Se qualquer um dos dois se opor, a gravidez deve ser levada até o final (o filho não é só da mãe).

3° Acho que essa discussão pode catalizar uma melhora na sociedade. Um sociedade realmente livre começa com o fim dos dogmas.

Paulo Vilmar disse...

karinak!
Esta é uma discussão que sempre rende. As pessoas acham-se no direito de opinar sobre o corpo de outra e, para mim este é o centro da questão. Sou totalmente a favor do aborto, porque acho que a mulher é que deve decidir sobre seu corpo. Como nós homens vamos opinar se não somos nós quem fica nove meses com uma criança na barriga? Se não sentimos enjôos, nem dores nas costas, se, na maioria das vezes, não somos nós quem cuida diuturnamente, quem abandonamos todos os planos, sonhos, trabalho, estudos?
Apenas acho que a discussão se prolonga sem muita necessidade, pois ao descriminalizarmos o aborto, não estaremos OBRIGANDO ninguém a fazê-lo, mais, toda a mulher sabe que aborto não é método anticoncepcional, todos sabem o trauma, as seqüelas não só fisicas, mas principalmente psicológicas que restam de uma intervenção destas, no corpo.
Acho, apenas que é uma questão de saúde pública, pois não podemos fechar os olhos para os milhares de abortos que se realizam mês a mês, somente no Brasil e quantas mulheres morrem, por não terem tido um atendimento digno...
Beijos!

KarinaK disse...

concordo plenamente, Paulo!
e mais ainda com a frase: "aborto não é método anticoncepcional"
a questão não é fazer o filho e depois só tentar se livrar dele... mesmo sendo a favor do aborto, acho q temos q ter o bom senso...
a questão é se proteger na hora da relação e pronto!!! não é nenhum mistério... noção de que existem camisinha e vários outros contraceptivos praticamente td mundo tem!!!

Anônimo disse...

o Paulo já disse tudo, e uma coisa q sempre pensei, a legalização do aborto é questão de tempo e deve ser tratada como questão de saúde pública, justamente pq de certa forma o aborto já é "legalizado", pois o governo apenas faz vista grossa frente ao imenso número de abortos q ocorrem em condições precárias, e por isso matam várias mães

Anônimo disse...

Por que nao:)