segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Post nº 128: A casa do morro

Ela acorda. Novamente o mesmo sonho. Ele já estava se tornando freqüente, era a 3ª vez nesta semana. Ela não conseguia lembrar o começo, como sempre. Era algo sobre os tênis de sua prima e uma casa num morro. Havia relação, ela sabia! As partes mais complexas do sonho ela lembrava. Sempre permaneciam frescas na memória. Era como se os fantasmas da casa do morro, durante seu sono, pedissem a ela para entender o que desgraçara as suas vidas.
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"Essa é uma história que aconteceu anos atrás. Ela se passou numa pequena cidade, com o verde bem aparente, de ar fresco e com um morro imponente se destacando perante todo o ambiente.
Sobre este morro existia uma única casa. Era de aparência miserável e nela morava uma família humilde, no entanto, muito feliz.
Numa manhã, devido a obras na pista, o curso de um ônibus foi mudado. Naquele dia, ele seguiria seu caminho passando por sobre o morro. Isso era um detalhe que, definitivamente, o motorista sabia; mas, infelizmente, a família da casa do morro, não! Esse foi um dia trágico.
A caçula sempre teve liberdade para brincar nos arredores da casa; coisa que ela adorava! Poder estar tão alto, ver as demais casas tão longe e pequeninas. Nooossa, viver mais próximo do céu, era fantástico! E foi olhando para ele, tão azul e imenso, que a garotinha de grandes olhos negros e cabelos encaracolados, deixou este mundo. A única da família que conseguiu essa façanha.
E foi essa vida tirada tão inesperadamente, a qual se imaginava que a Morte demoraria a querê-la, que levou a família, uma vez feliz, à desgraça.
E dias foram passando. Até que cada minuto, na verdade, começou a se arrastar. Para o pai a situação era mais difícil, pois aquela criança, com parte de seu sangue, era a sua predileta. Ele já não ia mais ao trabalho, não se alimetava e mal conseguia dormir. Sempre que fechava os olhos, lá estava ela toda sorridente; enquanto lágrimas lhe molhavam a face.
Chegou um momento, em que todo sofrimento do pai começou a pesar como o mundo sobre as costas de cada integrante daquela família. Todos ali estavam sempre melancólicos. Até mesmo a casa, antes apenas de aparência miserável, agora emanava escuridão e tristeza.
Um mês depois, o pai já não aguentava mais. Havia desistido. Ele precisava dormir... e queria domir. Mas não apenas no sentido da carne. Não, não, não... tinha que ser espiritual. A filha que tanto amava já não estava mais entre eles, e ele queria estar com ela, era bem simples! E durante aquela noite, ele fez... matou os três filhos e a esposa. Então antes de pular do banco, enquanto a corda estava em seu pescoço, pensou que só assim voltariam a ser uma família feliz.
Infelizmente, ao contrário da mais nova criança, que conseguiu ir ao céu, a família continua naquela casa. Hoje, ela não é só uma casa miséral, emanando escuridão e tristeza... é a casa em que pode se escutar, sempre, as lamúrias de um pai, uma mãe e dos filhos."

10 comentários:

Unknown disse...

cara que tristee!!!
Essa história não aconteceu não, né? :(

Unknown disse...

Ó, tem post novo no cmonkid!
Passe lá viu?
beeeijoos

Filipe Veras disse...

I see dead people

The Chaos King disse...

Pow, vc escreve muito bem, aposto que eu consegui sentir o q vc sentiu... Isso foi lindo e triste ao mesmo tempo...

Beijos, lembrei até do passado...
Abraço.

Anônimo disse...

caraca, vc me surpreendeu, muito boa a narrativa, isso me lembra Stephen King, mas com um olhar mais no trágico do q no horror

meus instantes e momentos disse...

muito bom teu blog, gosto de vir aqui.lindo eesse post.
Tenha uma bela tarde.
Maurizio

Katie Dantés disse...

oi..hum...insitinto literário...é pura ficção criada por vc?! legal...eu sou mais estilo romance, só tragédias se tiverem final feliz!!!Bjs

Lucas disse...

Muito bom esse conto, escreve mais desses. Faltou colocar: Baseado em fatos reais!
xD

Atualizei...

O Poeta disse...

Caraca...
Cada vez me surpreendo com você.
Está excelente este texto pra não dizer fenomenal...

Será que você está no curso certo?
Reflita...
Você tem um dom maravilhoso de escrever...

Ei, faz tempo que não post e nem comentou, mas quando decido fazer isso, você me estimula a escrever por ver textos tão interessantes quanto esse seu.

ABração...

bjãO linda...

xD

Alexandre Máximo disse...

altamente filme de terror... tragico porem muito bom... dava pra fazer um curta metragem...nunca mais tinha escutado (ou no caso lido) sobre historias assim... muito bacana.

abraços!